Igreja uruguaia promete excomungar políticos que aprovarem a lei do aborto no país
29.12.2011 - Montevidéu (Quarta-feira, 28-12-2011, Gaudium Press)
Católicos uruguaios estão vivendo um verdadeiro drama neste final de
ano. A preocupação está em torno da aprovação por parte do Senado do
projeto de lei que legaliza o aborto nas 12 primeiras semanas de
gestação. A votação aconteceu na última sessão da casa e agora segue
para a Câmara dos Deputados que, mesmo tendo encerrado os trabalhos de
2011, já sinaliza com a aprovação do projeto. O que torna as coisas
ainda mais difíceis é o fato de que o presidente do Uruguai, José
Mujica, declarou que “não usará sua possibilidade de veto nesta
matéria”.
Após nove horas de debate, o projeto de lei foi aprovado por 17 dos 31
senadores presentes, em sua maioria da Frente Ampla e um voto de um
senador do Partido Nacional, de oposição. Segundo a senadora Mónica
Xavier, “a lei vigente é ineficaz, discriminatória e injusta, por que
algumas mulheres podem levar adiante suas decisões e outras, não”.
A senadora explicou ainda que a medida constitui “um mecanismo de
garantia de que a mulher que não pode prosseguir com a gravidez tenha as
mesmas garantias da mulher que levou a gravidez a termo”.
O texto do projeto afirma que “toda mulher maior de idade tem o direito
de decidir pela interrupção voluntária da gravidez durante as primeiras
doze semanas de gestação”. O prazo não se aplica se a gravidez foi
produto de estupro, se há risco para a saúde da mulher ou se existem
“problemas fetais graves, incompatíveis com a vida fora do útero”.
Com a aprovação do projeto, todos os serviços de saúde, públicos e
privados, terão a obrigação de realizar o aborto de forma gratuita se
forem solicitados.
A lei vigente, aprovada em 1938, pune com entre três e nove meses de prisão a mulher que faz aborto não autorizado.
A Igreja Católica uruguaia já anunciou que deve excomungar os
legisladores que se posicionarem a favor da descriminalização do aborto.
Nas últimas décadas, houve várias tentativas para legalizar a prática
do aborto no Uruguai.
A Conferência dos Bispos do Uruguai, através de seu presidente, Dom
Jaime Fuentes, publicou uma nota direcionada aos senadores e criticando
duramente a aprovação do projeto. O prelado relata a visita que fez no
início do mês a uma penitenciária feminina onde teve o contato com duas
presas que vivem com seus filhos; uma menina de um ano e meio e outra de
dois anos.
Segundo Dom Jaime “uma das mulheres me pediu que as batizasse; ela e
sua filha. Perguntei sobre o pai da criança e a mãe, não sabia dizer
quem era, mas, afirmou que, por sua filha, daria a própria vida”.
O presidente da Conferência Episcopal afirma ainda que o relato desta
visita não é para contar apenas uma “pequena história comovente”, mas
mostrar que são “mulheres uruguaias de verdade, sem ideologias e com
muito peso nas costas por estarem presas porque roubaram e praticaram
outros delitos, mas tem bem claro que a vida é sagrada, divina, no
sentido mais espontâneo e forte da palavra”.
Dom Jaime questiona os senadores perguntando sobre o que pretendem com a
lei do aborto. “Não é suficiente a violência diária da qual padecemos e
querem facilitar ainda mais a maior delas matando as crianças no ventre
de suas mães? Pensam que, tornando o aborto legal, essa prática deixará
de ser crime que agrava a consciência da mulher que o pratica? Pensam
que esta lei é progressista porque com ela, a mulher decidirá sobre seu
próprio corpo? Essas são ideias que não correspondem ao pensamento da
mulher uruguaia.”
Dom Jaime Fuentes termina sua mensagem afirmando que “estamos em tempo
que reclamam a grandeza de espírito e por isso, busquem soluções humanas
a maior e mais humana das situações. Os senhores tem capacidade de
encontrá-la”. (LB)
http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/11364/Igreja-uruguaia-promete-excomungar-politicos-que-aprovarem-a-lei-do-aborto-no-pais
http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/11364/Igreja-uruguaia-promete-excomungar-politicos-que-aprovarem-a-lei-do-aborto-no-pais
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