segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Indulgências: Padre Paulo explica o que são e quais seus efeitos

Indulgências: Padre Paulo explica o que são e quais seus efeitos

André Luiz
Da Redação


Canção Nova
"A indulgência é a Igreja que vem em socorro do fiel que faz penitência para, como mãe, aliviá-la," explica Padre Paulo Ricardo.
"A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório", explica o sacerdote da Arquidiocese de Cuiabá, padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior.
Segundo ele, o perdão dos pecados não resolve o problema das doenças espirituais do homem, portanto, as indulgências são necessárias para que os efeitos do pecado, ainda no coração humano, sejam curados.

As indulgências são uma realidade antiga na Igreja Católica. E no decorrer dos anos, foram motivo de questionamentos para muitos, como também foram, para os que creem, um meio de rezar pelos falecidos e buscar a remissão dos pecados.

Em entrevista à equipe do noticias.cancaonova.com, padre Paulo traz uma definição simples e clara sobre a realidade das indulgências. O sacerdote também explica como elas surgiram na Igreja, qual seu objetivo e o que fazer para obtê-las.

noticias.cancaonova.com - De forma prática e simples, como o senhor definiria as indulgências?
Padre Paulo - Para que as pessoas entendam o que é indulgência é necessário entender antes o que é pena temporal. Quando vamos nos confessar o sacerdote perdoa a pena eterna. Por causa dos nossos pecados, nós merecemos o inferno, então, o sacerdote perdoa os nossos pecados e com isso nós seremos salvos.
Mas, ao mesmo tempo, o pecado tornou o nosso coração pior, nosso coração não está pronto para entrar no céu. Se eu me confessar e morrer imediatamente após a confissão, eu estou salvo, mas não estou santo. Por que ainda não amo a Deus de todo o coração, de toda alma e todo o entendimento. Então, a pessoa que morre nesta situação vai para o purgatório e, ali, purifica-se.
A indulgência é a remissão deste tempo do purgatório. A absolvição sacramental livra a pessoa do inferno e a indulgência livra a pessoa do purgatório.
noticias.cancaonova.com - Como surgiram as indulgências na Igreja?
Padre Paulo - No início do Cristianismo, quando as pessoas iam recorrer ao Sacramento da Reconciliação, a ordem das coisas era diferente como nos tempos de hoje. Atualmente, nós vamos ao padre, ele nos dá o perdão dos pecados e passa uma penitência para cumprirmos depois da confissão. No início da Igreja, era diferente: a pessoa confessava os seus pecados, o padre passava a penitência e, então, a pessoa ficava cumprindo aquela penitência durante vários meses e, às vezes, longos anos para que, finalmente, fosse perdoada.
Acontece que nesta época, havia a perseguição da Igreja e também havia vários mártires. Então, os cristãos que estavam aprisionados e que iam morrer condenados à morte pelos perseguidores do Império Romano, muitas vezes, escreviam cartas aos bispos dizendo: "senhor bispo, eu vou morrer e a minha morte será uma penitência. Use esta minha penitência para remir as penas, para perdoar a penitência de outra pessoa".
Eram mártires que se ofereciam para cumprir penitência no lugar daquelas pessoas. A origem da indulgência consiste nisso: sabermos que somos um só corpo. E sendo um só corpo enquanto Igreja, a penitência, o martírio de alguns, pode servir para compensar a penitência de outros. Na verdade, essa história de amor está na raiz do surgimento das indulgências.
noticias.cancaonova.com - A questão das indulgências é uma prática antiga na Igreja e sofreu algumas incompreensões em certos momentos da história. A que se deve a visão negativa que muitos tiveram com relação às indulgências?
Padre Paulo - Deve-se principalmente à reação de Lutero àquilo que era a prática das indulgências na Alemanha, na época da reforma protestante. A Igreja acredita que essas penitências que o fiel faz, podem realmente remir a pena do purgatório. Seja do próprio fiel, sejam das almas que estão no purgatório.

Entre essas várias práticas penitencial, existe a esmola. Acontece que na época da Alemanha, do tempo de Lutero, havia alguns pregadores que estavam abusando da prática da esmola. Havia na realidade uma espécie de venda das indulgências, ou seja, as pessoas recebiam a indulgência gratuitamente, mas a obra penitencial exigida delas era uma esmola. Então, isso fazia parecer que os pregadores estavam vendendo a indulgência. Lutero se revoltou contra isso e a partir da sua reação houve a revolta protestante.
noticias.cancaonova.com - Por que é necessário buscar as indulgências mesmo após ter recebido o Sacramento da Reconciliação?
Padre Paulo - Por que o perdão dos pecados não resolve o problema das nossas doenças espirituais, ou seja, uma vez que nós formos perdoados, nós precisamos ainda assim fazer práticas penitenciais. Por que é a penitência que irá, aos poucos, tornar o nosso coração um coração melhor. A indulgência é a Igreja que vem em socorro do fiel que faz penitência para, como mãe, aliviá-la.
noticias.cancaonova.com - Qual a diferença entre a indulgência plenária e a parcial?
Padre Paulo - Indulgência plenária, o próprio nome diz, ela redime totalmente a pena que a pessoa teria que cumprir no purgatório. Enquanto a parcial, redime só em partes. A plenária é totalmente eficaz e definitiva para as pessoas mortas. Por exemplo, se eu tenho um parente que faleceu e cumpro uma obra indulgenciada, essa pessoa então, estaria liberta de todo o tempo do seu purgatório.
noticias.cancaonova.com - A Igreja ensina que para obter as indulgências o fiel precisa estar em estado de graça. O vem a ser este estado?
Padre Paulo - É um estado de amizade com Deus em que a pessoa não só recebeu o perdão dos pecados, mas também está disposta a abandonar qualquer tipo de pecado, até mesmo o venial.
noticias.cancaonova.com - Quais as outras condições para se obter indulgências? Quem pode e quem não pode recebê-las?
Padre Paulo - As indulgências plenárias, geralmente, consistem em uma obra que é indulgenciada e mais outras três condições: confissão, comunhão e oração pelo Santo Padre, o Papa. Estas três condições básicas sempre acompanham as obras que são indulgências plenárias.

A pessoa, para receber a indulgência, precisa ter condição para cumprir as obras. Se uma pessoa está em estado de pecado, numa situação irregular e não pode se confessar, logo, é evidente que ela não pode receber indulgência.
noticias.cancaonova.com - Quais as obras que, cumpridas, oferecem indulgência aos fiéis?
Padre Paulo - As obras podem ser: uma visita a um cemitério, uma Igreja, a um santuário; fazer uma peregrinação, dentre outras práticas. Mas, neste Ano da Fé, o Santo Padre indulgenciou o fato de as pessoas estudarem o Catecismo da Igreja Católica ou os documentos do Concílio Vaticano II.

Então, se as pessoas que, durante esse Ano da Fé, estudarem o Catecismo num certo tempo ou lerem piedosamente os documentos do Vaticano II, elas podem, fazendo aquelas três condições básicas de confissão, comunhão e oração pelo Papa, receber indulgências plenárias.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Igreja recebe com fé renúncia do Papa, diz Dom Murilo

Igreja recebe com fé renúncia do Papa, diz Dom Murilo


Da Redação


Arquivo
Em entrevista à Canção Nova, Dom Murilo Krieger, Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, fala como a Igreja recebe a notícia da apresentação da renúncia do Papa Bento XVI. O Arcebispo conta ainda a impressão que teve sobre sua saúde ao encontrá-lo há um mês em Roma, destaca que Bento XVI tomou essa decisão em total e sã consciência e orienta os fiéis sobre a postura que devem ter agora.

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noticias.cancaonova.com - Como a Igreja recebe a notícia da renúncia do Papa Bento XVI?
Dom Murilo Krieger - Está recebendo com o mesmo espírito de fé com que Bento XVI tomou essa decisão, afinal a Igreja é do Pastor supremo Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele que é responsável pela Igreja, Ele que chamou Bento XVI para ser sucessor de Pedro e certamente foi diante d'Ele que Bento XVI tomou uma decisão que não deve ter sido fácil para ele. Mas ele mesmo disse que não basta o vigor espiritual, há necessidade do vigor do corpo e ele disse ter notado que esse vigor tem diminuido nos últimos meses de tal modo que tem que reconhecer sua incapacidade para administrar bem o ministério que lhe foi confiado. Eu vejo no gesto do Papa um gesto de humildade, de reconhecimento da limitação e fé porque a Igreja é de Jesus Cristo e ao mesmo tempo de amor. Para mim, particularmente é muito doloroso porque tenho um carinho imenso por ele e estive com ele, cumprimentei-o, praticamente um mês atrás, dia 9 de janeiro, no final de uma Audiência Geral.
noticias.cancaonova.com - Nesta ocasião como estava a saúde do Papa?
Dom Murilo Krieger - Estava melhor do que no Natal. Ele entrou andando normalmente e falou com aquela voz de um homem que tem 85 anos, mas estava bem, nas fotos tiradas aquele dia vejo o rosto dele bem. Ele perguntou sobre Salvador, fez perguntas que me mostrou que ele estava bem, estava bem consciente, agora a decisão surpreendeu até os assessores mais próximos. Ele deve ter pensado: " olha, eu tenho que renunciar numa hora em que eu tenho condições, que a Igreja pode com tranquilidade escolher o sucessor de Pedro" e eu vejo assim, se ele fez isso, não foi o primeiro, foi o quarto Papa a renunciar o cargo, fez isso em espírito de fé, ele deve ter pesado tudo, mas o que pesou mais mesmo no final, foi como ele disse, essa sua limitação.

Ele está consciente da gravidade desse ato, está em plena liberdade, por isso cabe-nos acolher a sua renúncia, mas acima de tudo, atender ao que ele pede no final: que peçamos a Maria Santíssima que assista com a sua bondade materna os padres e cardeais na eleição do Sumo Pontífice, então é o que nos cabe fazer. Por um lado agradecer a Deus pelo Papa que tivemos, que vai marcar a vida da Igreja, seus textos serão lidos, meditados daqui 200 anos, 500 anos, serão daqueles textos clássicos da Igreja. Seus livors sobre Jesus Cristo são os textos mais belos depois do Evangelho que eu vi sobre a pessoa do Senhor Jesus e essa herança que ele nos deixa é que a Igreja seja conduzida por alguém que tenha boa capacidade física.
noticias.cancaonova.com - O senhor acredita que o Papa tenha alguma doença degenerativa? Tem surgido muitas especulações na imprensa.
Dom Murilo Krieger - Agora vem mil especulações, o que a gente nota é o seguinte, ele agora está com plena consciência, plena liberdade, o tempo que vai nos dizer, mas eu penso que acima de tudo, ele deve sentir o peso, eu imagino, a gente olha para nossa sociedade, as pessoas com 85 anos estão assim ... numa cadeira de rodas, são poucas, pouquíssimas que tem condições de trabalhar e ter a responsabilidade da Igreja no mundo todo, todo dia receber representantes de países, bispos, cada um levando problemas, realmente ele diz que é necessária uma força especial física que não está tendo. Ele sentiu que não tinha mais condições de acompanhar tudo e devia se sentir mal por isso.
noticias.cancaonova.com - É importante ressaltar que o Papa tomou essa decisão em total e sã consciência não é verdade?
Dom Murilo Krieger - É isso, ele também deve ter visto a situação, ele acompanhou de perto a situação de João Paulo II que sofreu muito e depois no fim foi uma benção tudo, mas a gente sabe que mais uma situação daquela seria muito pesada para Igreja, ele pensou "eu vou tomar ] a decisão] enquanto eu tiver consciência de dizer que não posso mais governar a Igreja".
noticias.cancaonova.com - O Povo de Deus, os fiéis como vamos nos comportar daqui pra frente até a eleição do novo Papa?
Dom Murilo Krieger - Começa agora um grande cenáculo com Maria. Esse foi o convite que o Papa fez, o último pedido dele, que peçamos a Maria sua mãe Santíssima que assista com sua bondade materna os padres cardeais na eleição do novo Sumo Pontífice. Com Maria, como fez a primeira comunidade lá em Atos 3, 15. Com Maria mãe de Jesus, vamos estar em oração, pedindo que seja escolhido aquele que está no coração do Bom Pastor e que o Senhor abençoe muito Bento XVI, tudo aquilo que ele fez, todo sofrimento que suportou nesses 8 anos de pontificado que o Senhor lhe dê muita força e sabedoria.

Porta-voz do Vaticano fala da surpresa com que recebeu a notícia

Porta-voz do Vaticano fala da surpresa com que recebeu a notícia

Mirticeli Medeiros
Da Redação


Arquivo
Padre Lombardi se pronuncia sobre renúncia do Santo Padre
Após a notícia da renúncia do Papa Bento XVI que surpreendeu a todos nesta segunda-feira, 11 de fevereiro, o porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi, falou oficialmente aos jornalistas reunidos na Sala de Imprensa da Santa Sé, o seu parecer sobre a atitude do Santo Padre.
“Os cardeais escutaram o Papa sem fôlego. Creio que a maior parte dos presentes não recebeu uma informação prévia sobre aquilo que o Papa estava anunciando”, afirmou.

Ainda de acordo com o sacerdote, a decisão do Sumo Pontífice “foi pessoal, profunda e tomada em clima de oração”. Falando em relação à motivação real que levou-o a deixar o ministério petrino, Padre Lombardi afirmou que não houve outro motivo ligado à renuncia a não ser por questões de saúde e idade.

“Ele chegou à conclusão que as suas forças por causa da idade avançada não estão mais aptas para exercitar de modo adequado o ministério petrino”, enfatizou.
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De acordo com Lombardi, Bento XVI ao confrontar-se com as exigências do mundo atual não se sentiu apto a dar continuidade ao cargo que exerce há quase 8 anos.
"Entre as moticações da demissão do Papa, como se notam em suas palavras, existem circunstâncias do mundo de hoje que, em relação ao passado, são particularmente empenhativas, pela rapidez e a quantidade dos eventos e dos problemas que se apresentam, e para isso, digamos que é necessária a exigência de um vigor mais forte que em tempos passados", ressaltou.
O porta-voz vaticano também explicou sobre aquilo que o Santo Padre já havia adiantado no livro de entrevistas “Luz do Mundo”, publicado em 2010, no qual ele afirmou que renunciaria caso não se considerasse fisicamente forte para dar continuidade às atividades do Pontificado.

“Pessoalmente, acolhi o anúncio da demissão do Papa com uma grande admiração, pela coragem, a liberdade de espírito e a grande consciência da responsabilidade”, disse.

O Papa irá à JMJ”, garantiu Bento XVI ao Arcebispo do Rio de Janeiro

O Papa irá à JMJ”, garantiu Bento XVI ao Arcebispo do Rio de Janeiro

Jornada Mundial da Juventude no Rio contará com a presença do Santo Padre, afirma Dom Orani
Comitê Organizador Local da JMJ Rio 2013 confirmou que seus trabalhos seguem normalmente


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RIO DE JANEIRO, 11 Fev. 13 / 02:18 pm (ACI).- Logo após o anúncio da renúncia de Papa Bento XVI ao ministério petrino na manhã desta segunda-feira, 11 de fevereiro, no Vaticano, o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, diocese anfitriã da próxima Jornada Mundial da Juventude, garantiu a presença do Papa no evento. Através de nota oficial o Comitê Organizador Local da JMJ Rio 2013 também confirmou que seus trabalhos seguem normalmente.

Na entrevista oferecida hoje em uma paróquia da Arquidiocese Dom Orani partilhou: “Nós tivemos várias vezes com o Santo Padre e quando falávamos sobre a Jornada Mundial da Juventude para o ano de 2015 ele nos dizia que estaria muito longe, distante, e o Papa já estaria muito idoso. Quando fechamos a data para o ano de 2013 Bento XVI disse: “o Papa irá a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Eu ou o meu sucessor.

Isso já ocorreu quando a JMJ foi realizada em 2005 em Colônia, Alemanha, quando o Papa João Paulo II a convocou, mas quem participou e a conduziu foi Bento XVI.

“Reafirmamos que o nosso trabalho continua e que a Jornada será realizada. Neste momento convido a todos a rezarem pelo Papa que tomou uma atitude muito corajosa”, afirmou Dom Orani.

O Arcebispo do Rio falou também sobre a vinda do sucessor de Bento XVI durante a JMJ Rio2013 destacando que o Rio de Janeiro poderá ser uma das primeiras cidades visitadas pelo novo Pontífice, assinala a matéria da página oficial da Arquidiocese carioca.

“Sem dúvida o tempo é curto, pois além de um líder religioso o Papa é um chefe de Estado, mas creio que vai depender de quem for eleito e não podemos adiantar nada. É costume é que o Papa continue a rotina do antecessor pelo menos é o que nós vemos sempre e caso isso aconteça seremos uma das primeiras cidades que o novo pontífice irá visitar”, destacou Dom Orani.

“O Papa Bento XVI continuará levando sua missão de outra maneira e a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro agradece a Deus pela sua vida, pelo seu trabalho e pela sua missão, e reza também pelo seu sucessor”, ressaltou o Arcebispo.

Diante do anúncio do Santo Padre sobre renúncia ao papado, o Comitê Organizador Local da JMJ Rio2013 esclarece que continua seu trabalho. A Jornada vai acontecer em julho com a vinda do Papa ao Rio de Janeiro. Aguardamos todo o processo de eleição do novo Sumo Pontífice. Seguimos, em oração e com empenho, a organização do evento.

Por sua parte, a jornalista Maristella Ciarrocchi, que vem cobrindo as 5 últimas edições do encontro mundial de jovens com o Sucessor de Pedro e é voluntária da JMJ que ocorrerá no Brasil, afirmou a ACI Digital que o anúncio não deverá gerar desânimo nos jovens peregrinos, mas entusiasmo. "Acredito que o fato de ver um pontífice recém eleito será uma grande motivação para que muitos jovens venham ao Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude", assinalou.

O evento ocorre na capital carioca entre os dias 23 e 28 de julho deste ano.