quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Patriarca de Moscou destaca pontos em comum com Bento XVI


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Papa Bento XVI e o Patriarca Kirill
"Tarefas comuns e diversos encontros com representantes da Igreja Católica têm confirmado que as nossas opiniões coincidem em muitas questões que interpelam os cristãos no mundo moderno: a agressiva secularização, a globalização, a erosão dos princípios tradicionais da ética".

Esse é um dos resultados do encontro dos bispos da Igreja Ortodoxa Russa, realizado na última semana na Catedral de Cristo Salvador, por ocasião do primeiro aniversário da eleição do Patriarca de Moscou, Kirill, e que também salientou a "evolução positiva" desde o ano passado no âmbito do diálogo entre católicos e ortodoxos russos.

Kirill apresentou aos bispos um longo relatório sobre as atividades, visitas e viagens que marcaram seu primeiro ano como Patriarca, reservando uma seção detalhada para as relações com a Igreja Católica.

"É importante ressaltar que, nas questões que são motivo de preocupação para os católicos e ortodoxos, Bento XVI tomou uma posição muito próxima à Igreja Ortodoxa. E isso é comprovado pelos seus discursos, mensagens, bem como pelas opiniões de altos representantes da Igreja Católica Romana, com os quais temos contato", ressaltou.

O Patriarca de Moscou observou que "uma visão comum de proteção à dignidade humana na Europa" surgiu também durante o encontro que o presidente do Departamento de Relações Externas do Patriarcado, Arcebispo neo metropolita Hilarion, teve em setembro passado com o Papa e representantes da cúria.


Problemas existentes

Em seu discurso, Kirill também lembrou a decisão tomada em novembro pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem sobre a inadmissibilidade da presença de crucifixos nas escolas italianas, dizendo que "foi um ataque claro à tradição cristã europeia". Por isso, a Igreja Ortodoxa Russa manifestou a sua solidariedade com a Igreja Católica na Itália. "Temos reiterado que a civilização europeia tem raízes cristãs; por isso, é absolutamente inaceitável privar a Europa e as suas instituições os símbolos de sua identidade espiritual", disse Kirill.

No relatório, o Patriarca não esconde "os problemas existentes" nas relações bilaterais, nos quais "continua a se trabalhar". Em particular, falou da "situação difícil na Ucrânia", esperando "medidas concretas" do lado católico. Existe um balanço diferente no que diz respeito às relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e Igrejas protestantes.

O nó principal está na "liberalização rápida do mundo protestante". São apontadas, em particular, as bênçãos às uniões homossexuais e a eleição de bispos abertamente homossexuais. Esses são "os motivos por que fomos obrigados a interromper o relacionamento com a Igreja Episcopal dos Estados Unidos e a Igreja Luterana da Suécia", sublinhou.

No parágrafo reservado ao mundo protestante, Kirill também recorda com pesar a eleição da "bispa" Margot Kassmann como presidenta do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha.

"Como o diálogo com os nossos homólogos protestantes é importante, tentaremos verificar a possibilidade de superar as diferenças fundamentais entre a ortodoxia e o protestantismo. Se isso não for possível, ainda existem muitas outras questões importantes que não estão directamente relacionadas à realização da unidade na fé e na estrutura da Igreja, mas são fundamentais em termos de cooperação para a paz, a justiça, a integridade da criação e a resolução de outras questões que requerem uma ação conjunta de pessoas que acreditam na Santíssima Trindade", afirmou.

Por fim, Kirill expressou desejar que a eleição do metropolita Emmanuel (Patriarcado de Constantinopla) para a presidência do Conselho Europeu de Igrejas possa "superar os problemas" que a Igreja russa tem em relação a esse organismo.

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